Convite da Escritora – Ana Andrade
Ana Andrade Nasceu em Lisboa, em 1973, mas foi no Porto que se fez gente e ao Porto decidiu regressar, depois de 14 anos fora. É licenciada em Filosofia pela Universidade de Coimbra, doutoranda em Filosofia de Ação na Faculdade de Letras da Universidade do Porto e investigadora no MLAG – Mind, Language and Action Group (FLUP). É docente na Faculdade de Direito do Porto da Universidade Católica Portuguesa, onde leciona Argumentação e Retórica, é responsável pelo Laboratório de Escrita e dá formação nas áreas do Pensamento Crítico,Comunicação e Public Speaking. Os cursos de filosofia fazem um enorme sucesso e a sua gargalhada é contagiante.
Li o seu livro o ano passado, tornando-se um dos meus preferidos de não ficção. Vale muito a pena!
Qual é a tua relação com a literatura?
Digamos que não me lembro de mim sem um livro atrás. Cresci numa casa cheia de livros e, mesmo antes de saber ler, já tinha à minha espera coleções inteiras de literatura juvenil, o que me permitiu começar a interessar-me por clássicos e por livros mais “crescidos” ainda na pré-adolescência. A literatura sempre foi parte de mim e serve-me todos os dias: deu-me e dá-me mundo (sítios, outras formas de pensar, culturas, costumes) mesmo sem ir a lado algum e nunca me permitiu sentir-me só.
Um livro importante na tua vida (sei que gostas pouco de eleger favoritos e fazer listas mas não posso evitar).
Responder a esta questão é dificílimo para mim, mas vou tentar: diria que Saramago é o meu autor preferido, pelo que elejo Levantado do Chão, o primeiro livro que li dele (não porque seja o meu preferido, mas porque foi o que me agarrou à sua obra) . Em termos de banda desenhada, que sempre me acompanhou, Toda a Mafalda, de Quino.
Um livro que sugeres sempre para quem quer começar a estudar filosofia
O Discurso do Método, de Descartes, ou O Banquete, de Platão — e é curioso porque são autores contra quem me posiciono, em termos filosóficos, o que não me impede de reconhecer as maravilhas que escreveram.
Como tem sido receber o feedback dos teus leitores? Imagino que seja uma sensação maravilhosa.
Foi mesmo muito bom (só falo no passado porque a avalanche de comentários veio nos primeiros meses). Uma coisa estranhíssima, na verdade (ter pessoas a falar-me do meu pensamento e do modo como o expresso é surreal), como se me tivesse despido e me estivessem a ver para além daquilo que costumo mostrar. Mas muito bom.
Para quando o próximo livro?
Já está a ser pensado, na verdade. Será, obviamente, e mais uma vez, de não-ficção (sempre soube que jamais escreveria estórias, não porque não quisesse, mas porque acho que seria apenas medíocre), e, se tudo correr bem, talvez saia ainda este ano.
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